quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Rumos da política Carioca

Chega a dar pavor em exercer meu direito ao voto nas próximas eleições para o Governo do Rio de janeiro em 2014. Ao analisar a lista podemos observar uma lista de candidatos já famosos na cidade e que levanta uma questão. Estaria a política carioca morta?

Vamos primeiro a lista de Pré candidatos.

Anthony Garotinho (PR): Governador do Rio de Janeiro em 1998 tendo derrotado o então hoje governador Sérgio Cabral Filho, em seu mandatado fora inaugurado a estação Siqueira Campos do Metro do Rio de Janeiro, governo marcado também por fortes questões populistas, como a criação do Restaurante Popular.

César Maia (democratas): Prefeito do Rio de Janeiro em 3 oportunidades, 1994, 2002 e 2006, César Maia é sem dúvidas o candidato com mais experiência entre os concorrentes, isso não faz dele o mais preparado ou o melhor candidato. Essa permanência na prefeitura da cidade pesa contra o candidato que carrega consigo o desgaste natural do cargo, fora uma série de suspeitas de irregularidades.
Cesar Maia se destacou no primeiro mandato ao iniciar uma série de obras de melhorias de infraestrutura na cidade carioca, com isso lançou os projetos Rio-Cidade e Favela Bairro, projetos esse que destacamos a construção da Linha Amarela (importante via expressa do Rio de Janeiro). Porém após considerado um bom primeiro mandato os mandatos seguintes foram marcados por diversas obras acusadas de superfaturamento.


Marcelo Crivella (PRB): O ministro da Pesca e senador tentou algumas diversas vezes o governo do Estado sem obter a vitória em todas as tentativas, Crivella carrega consigo o apoio da Igreja Universal e da Emissora de TV Rede Record. Seu maior feito político talvez seja o Projeto Nordeste, movimento que tinha a finalidade de tornar produtivas terras que estavam abandonadas pelo governo federal, na cidade baiana de Irecê. O projeto tornou viável na região o desenvolvimento agrícola e pecuário, a partir de modelos de irrigação que Crivella observou em várias viagens a Israel.


Jandira Feghali (PC do B): Candidata à prefeitura da Cidade em duas oportunidades (2004 -2008) Jandira mais uma vez não demonstra muita força para assumir o comando da cidade nos próximos 4 anos, como deputada federal Jandira foi bastante ativa, talvez muito mais que os seus concorrentes ao governo do Estado esse ano. Como destaque aos seus projetos podemos destacar a lei Maria da Penha cujo redação final é fruto do parecer de Jandira, podemos destacar também a sua participação na CPI da Previdência Social. Mesmo diante de muitos feitos como Deputada Jandira não é umas das candidatas com mais intenções de voto do eleitorado.
Lindbergh Farias (PT): A candidatura de Lindbergh já de cara marca o retorno do PT na política carioca, cortando uma relação de apoio tradicional no Rio de Janeiro com o PMDB, Lindbergh é junto com Anthony Garotinho os candidatos com maiores índices de intenção de voto. Lindbergh se destaca pelo grande histórico político quando ainda era filiado primeiro ao PC do B e depois ao PSTU, esse segundo o impediu duas vezes de assumir o posto (reeleito) como deputado federal e posteriormente como vereador, ambos pelo mesmo motivo que fora o coeficiente eleitoral que seu partido não atingiu.

Lindbergh então filia-se ao PT para apoiar a campanha de Luís Inácio Lula da Silva em 2002, ele Lindbergh como muito crítico ao governo FHC onde liderou as lutas contra a privatização da Vale da Telebrás, com sua visão de extrema esquerda, Lindbergh foi eleito prefeito da cidade de Nova Iguaçu em duas oportunidades em 2004 e reeleito em 2006 e ainda se viu frustrado pela aliança do PT com o PDMB que apoiou a candidatura de Cabral ao governo do Estado em 2010, impedindo assim a presença de Lindbergh na campanha.

Como prefeito da Cidade de Nova Iguaçu, umas das mais importantes cidades da Baixada Fluminense, Lindbergh tem como destaque no primeiro mandado a criação do programa Bairro Escola (educação era sua bandeira), programa esse que recebeu o prêmio Caixa Melhores Práticas em Gestão Local.
Bairro Escola: O projeto, iniciado em 1997, no bairro da Vila Madalena em São Paulo, tem o desafio de transformar a comunidade em um ambiente de aprendizagem que amplie os limites das salas de aula. Assim, a educação se transforma numa responsabilidade coletiva, com a articulação permanente entre professores, gestores e parcerias públicas e privadas, além da família. Busca-se, com isso, criar uma rede interdisciplinar capaz de utilizar todas as oportunidades do dia-a-dia para a realização de uma educação integral.

Objetivos
• Identificar o ambiente local como espaço para a educação não-formal
• Construir alianças entre diferentes atores, incluindo as três esferas de governo, o empresariado, as organizações sociais, as universidades e, principalmente, as crianças e jovens, agentes e beneficiários dessas mudanças
• Atingir as escolas para aprender e desenvolver inovações pedagógicas, junto com os professores
• Enfatizar o papel da educação na formação de indivíduos autônomos e solidários, dentro e fora da escola
• Sensibilizar as lideranças comunitárias e desenvolver entre elas um olhar educativo que seja capaz de atender às demandas do aprendizado permanente. 

Como os demais candidatos Lindbergh também sofre diversas acusações, dentre elas a suspeita de superfaturamentos em licitações e a criação do “mensalinho” na câmara de Nova Iguaçu. Lindbergh por sua vez é único que representa uma renovação da política carioca, sendo ele cara nova como candidato ao governo do Estado.

Luis Fernando Pezão (PMDB): Candidato tido como favorito até as manifestações na cidade em junho desse ano, Pezão representa a continuação do governo ditado por Sérgio Cabral nos últimos oito anos, Vice governador do Estado, Pezão em tese representa também uma novidade entre os pré candidatos anunciados, porém está longe de ser uma grande euforia entre o eleitorado, onde a imagem do PMDB está completamente arranhada. Sua história política começou como vereador em 1980. Além disso Pezão foi prefeito de Piraí em duas oportunidades 1996 -2000 e 2001 – 2004, Curiosamente Piraí passou por um grande desenvolvimento nesse período e sendo referência de gestão pública no período.

Em 2006 Pezão se tornou vice governador da cidade do Rio de Janeiro e foi secretário de obras, responsável pelas obras do PAC e a construção do Arco metropolitano projeto muito ambicioso mas infelizmente abandonado e passados cinco anos nenhum trecho ainda fora inaugurado. Pezão é ainda acusado de superfaturamento na compra de Ambulâncias que causou um extremo mal estar na opinião pública na época e esquecido desde então.

Miro Teixeira (PROS): O eterno deputado Federal Miro Teixeira está de volta à cena, deputado federal desde a década de 70 candidato pelo MDB pelo antigo Estado da Guanabara, Miro Teixeira é sem dúvidas o candidato com maior tempo na vida política, mas é também o mesmo com pouquíssimos feitos a serem destacados, candidato à prefeitura em 1996 passou longe encerrando a campanha na 4º colocação. Talvez a sua carreira política chegou ao ápice quando o mesmo assumiu o ministério da comunicação em 2003, fruto da aliança do PDT com o PT, aliança essa rompida um ano depois e que culminou na retirada de Miro do cargo.
Sua ideologia política é um tanto confusa, de uma ideologia de centro direita apoiado por Tancredo Neves, Miro passou a apoiar Leonel Brizola seu antigo opositor e filiou-se ao PDT, passando assim a defender partidos de esquerda. Miro confirmando a candidatura aparenta não ter a menor chance de vencer as eleições no final de 2014.

Retomando a pergunta no início do Post nos questionamos sobre a política carioca, estaria ela condenada ao pragmatismo? E o mais curioso e interessante pesquisar, se esse movimento de pouca renovação acontece também em outros estados e também em esfera nacional.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Violência, Questionamentos e uma Verdade!

Muito se vem falando e afirmando após as cenas lamentáveis hoje durante a partida Atlético PR x Vasco, de fato foram cenas horrorosas que servem apenas para manchar ainda mais a imagem do nosso futebol. Isso portanto não é novidade, como também não é novidade as ações que serão propostas e talvez tomadas, como também a opinião pública sobre o assunto. Como de costume a CBF tentará cuidar do caso tirando o mando de campo do Atlético e talvez punindo também o Vasco da Gama, porém notem ambas as equipes assim como outras sofreram esses tipos de punições no campeonato e o problema vem sempre se repetindo. Banimento das torcidas organizadas ao meu ver é outra medida de péssimo gosto é um julgamento generalizado e cruel com aqueles que de fato realmente estão ali apenas por amor ao clube. Basta! Chega dessas medidas bananas, medidas tomadas com uma única intenção (mostrar que tentamos algo) Todos sabem o que deve ser feito, basta vontade de fazer e claro o interesse.



Horas após o acontecido pude notar um sentimento de raiva, sim de raiva aos contrários ao futebol, onde muitos afirmaram que são gratos por não gostarem do esporte (justo pelas brigas) alguns inclusive acreditam que todos que acompanham o esporte e frequentam o estádio não prestam e estão contribuindo para a violência. Um caso que me chama muita atenção e que de fato me incomoda bastante. Não a minha defesa não é exclusiva ao futebol, a minha defesa é pela sociedade. As redes sociais como é de se esperar é capaz de mostrar o quanto a nossa sociedade está evoluindo, e o que vejo nelas é assustador, vejo uma sociedade com baixíssima capacidade de questionamento, e com um elevado índice de julgamentos e agressões que se refletem também nas ruas. O mais perigoso nisso tudo é que são julgamentos muitas vezes preconceituosos e que tem também uma gama enorme de seguidores.

Está mais do que na hora de todos nós em comum nos questionarmos, mas sobre o que? Precisamos questionar o rumo que a nossa sociedade vem tomando, estamos nos tornando uma sociedade sem graça (que entrou na onda do politicamente correto), uma sociedade preconceituosa, e principalmente uma sociedade muito agressiva e logo violenta. O questionamento é necessário, pois hoje em dia não conseguimos respeitar nem a escolhas individuais, basta ser contrário ao seu gosto, para que um questionamento muitas vezes sem sentido possa aparecer (quem nunca foi chamado de alienado por gostar de futebol?). A minha preocupação e talvez a da grande maioria é como a violência tem sido tão recorrente, mas agora é o ponto em questão, a violência leitor, não é exclusiva do futebol, ela é geral e o preocupante é que ele é crescente.

Abaixo segue uma ilustração do problema com o qual estamos atravessando e que mostra o quão grave ele é.  Nele notamos por exemplo que nos últimos 20 anos o número de brasileiros assassinados aumentou em 237% é um número assustador e não seja tolo, pare de acreditar e gritar contra o esporte, porque ele é vítima da violência e não gerador. O esporte não dever criminalizado ele deve sim ser usado como atividade para a redução desse número para as futuras gerações.

Taxa de Homicídio
(por 100 mil habitantes)


População
15 a 24 anos

1991
2000
+
1991
2000
+
Brasil 
20,9
27,0
29%
32,5
52,1
60%
RJ
39,6
50,9
28,6%
76,2
107,6
41,2%
RJ1
35,1
56,5
61%
73,5
131,1
78%
SP
30,8
42,2
37%
64,1
89,6
39,8%
SP1
50,4
64,8
28,6%
115,7
138,8
20%
Fonte: Mapa da violência III - Unesco/Datasu


Tal situação como já sabemos é reflexo da baixa qualidade da nossa educação, mas é muito fácil culpar apenas a educação. Segundo estudo publicado pelo Ipea (Instituto de pesquisa econômica aplicada) a maior causa da violência hoje entre os jovens brasileiros é causada pela desigualdade social, problema que passamos a enfrentar nos anos 80 onde vimos a renda do trabalhador ser trucidada pela inflação e por políticas econômicas completamente irresponsáveis, foi também em 80 que vimos as condições de extrema pobreza se aflorando e praticamente a falência do Estado, e acredite ou não ainda sentimos na pele as consequências da década perdida.



O que quero afirmar nisso tudo é que entendemos o problema, que seriam a educação, a desigualdade social e a falta de medidas necessárias para contornar a situação (prisão dos envolvidos). Mas mesmo entendendo nossos problemas pouco se é feito para diminuir o ônus do presente e preparar um solo para o futuro, e ao meu ver isso é causado pela nossa incapacidade de questionamento. Como mesmo ao entender e identificar o problema por que diabos ainda não atacamos o problema afundo? Tivemos um programa de fato genial que se aflorou durante o governo Lula que foi o Bolsa Família, mas infelizmente paramos na distribuição de renda, o que nos foi feito de verdade com a educação? Apenas gritar 10% do PIB para educação é piada aos meus ouvidos (é novamente falta de questionamento). Espero de verdade em breve ver projetos de recuperação dos valores das famílias (fundamental para o sucesso de qualquer plano educacional), espero de verdade ver uma qualificação melhor dos professores das nossas crianças (aumentando com isso a qualidade no ensino superior), e por fim, espero de verdade que no futuro as pessoas aprendam agora sim a questionar, e não julgar, porque o Estado não pode ser a baba e a sociedade não pode ser o bebe.