sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

E Se o Rio de Janeiro Fosse a Suíça?

Frequentemente em um debate sobre as questões sócio econômicas do Brasil em comparação com outras nações sempre chegamos a um ponto de comum acordo “Não podemos comparar o Brasil com a Suíça (ou qualquer outro) devido ao seu tamanho territorial”. Perfeito realmente é covardia comparar uma administração pública de um país cujo o seu tamanho territorial é menor que o Rio de Janeiro (43.696,054 km² x 41.285 Km²) e com uma população mais do que o dobro inferior que o Estado do Rio de janeiro. Sendo assim resolvi fazer uma comparação (cruel eu sei) entre o Estado do Rio de Janeiro e a Suíça, certamente teremos algo muito curioso a ser debatido até o fim desse tópico concordam?


- Rio de Janeiro:

PIB: R$ 462,376 Bilhões (2011);
PIB per Capita: R$ 28.696,42;
IDH: 0,761 (2010).



- Suíça:
PIB: R$ 601,949 Bilhões (2011);
PIB Per Capita: R$ 85.098;
IDH: 0,913

Logo de cara percebemos a soma de tudo que é produzido no Rio de Janeiro (PIB) com tudo que é produzido na Suíça (comparação cruel) porém estou levando em consideração o tamanho territorial. A diferença é superior a R$ 100 Bilhões de reais. Comparamos agora o Pib Per capita entre ambos, lembrando que o pib per capita representa o quanto cada habitante produziu em determinado período, em outras palavras ele serve para medir a divisão da riqueza produzida. Notamos que o Pib per capita do Rio de Janeiro é muito inferior ao Suíço, explicando assim tamanha desigualdade existente no nosso Estado.

- Principais atividades:

·         Rio de Janeiro: Caracteriza-se pela prestação de serviços e contrário ao seu vizinho e cidade mais rica do País, São Paulo, o Rio de Janeiro não é uma cidade considerada de indústria forte, o Estado do Rio de Janeiro também apresenta uma agricultura pouco relevante, mesmo tendo uma área territorial considerável. 62,1% do que é produzido no Estado é fruto dos serviços, com destaque ao setor de telecomunicações, onde a capital hospeda as maiores empresas do país nesse ramo (Tim, Oi e Embratel). Seguindo temos a Indústria com 37,5% do Produto interno bruto, com destaque a indústria química e farmacêutica e ao petróleo no interior do Estado (Bacia de Campos). Juntos esses setores representam 99,6% do que é produzido na cidade.
·         Suíça: Destaca-se no país um sólido e criticado sistema financeiro e uma indústria especializada de alta tecnologia. Os sigilos bancários oferecido pelos suíços os tornaram o paraíso fiscal do mundo, onde bilhões de dólares do mundo inteiro procuram suas instituições financeiras para refúgio, é levado em consideração também, sua moeda forte e estável. A agricultura representa 1,2% do que é produzido no país, que tem como destaque os serviços que ultrapassam os 70% seguido pela Indústria com 27,5%. A taxa de desemprego também é muito baixa, com aproximadamente 3,7%.
 - Educação

Rio de Janeiro: O Estado tem 6,6% da população até 15 anos analfabeta e 14,4% da população com a mesma idade considerados analfabetos funcionais, esse é uns dos pontos mais criticados não só do Estado mas como um problema na esfera nacional.
Suíça: A educação na Suíça é visto como algo primordial e tem fama pela sua qualidade, no país a maioria da população estuda em escolas públicas e ao contrário do comparado Estado do Rio de Janeiro, são de extrema qualidade, onde o aluno é obrigado no seu 4º ano de estudo aprender a sua primeira língua estrangeira, outro ponto marcante é que todas as crianças são obrigadas a frequentar no mínimo 9 anos de escolaridade. Parte importante e fruto de uma boa educação a Ciência e tecnologia são fontes importantes para o desenvolvimento econômico suíço.

- Infraestrutura

Rio de Janeiro: Assim como no País inteiro, o Estado sofre com uma infraestrutura atrasada, a forma de escoamento da população é feita predominantemente por rodovias, através de ônibus de péssima qualidades assim como estradas, a telecomunicação além de deixar a desejar, custa muito caro o que representa um atraso seja pessoal como também para o ramo empresarial (aumentando consideravelmente seus custos). A cidade tropical sujeita a muitas chuvas, sofre a cada dilúvio de pouco mais de 10 minutos, sempre custando muito caro os danos por ela causado. A capital conta com dois aeroportos porém ambos defasados e ineficientes.

Suíça: Conta com aeroportos muito modernos e eficientes, a população conta com uns dos melhores sistemas de transporte público da Europa, que inclui Trens, Ônibus de extrema qualidade com respeito a horários (semelhantes ao BRT de Curitiba e agora Rio de Janeiro) e teleféricos, sendo predominante  o uso de transporte elétricos, os raros atrasos e a precisão do tempo, fazem a população escolher esses transportes para locomoção. As auto estradas que cruzam o país não contam com sistema de pedágios como visto aqui, sendo que cada carro necessita utilizar auto colantes para comprovar o pagamento das taxas para a utilização dessas estradas.

A política suíça é dividida entre o sistema federal que vela pela política exterior, a economia nacional e as forças armadas. Em segundo temos a cantonal que é independente e vela pelo seu próprio sistema de saúde e educação e inclusive escolhe a sua religião oficial. Por último temos o sistema comunal. O sistema político é direto sendo assim cada cidadão terá o direito de escolher seus representantes, é comum a realização de referendos seja federal ou cantonal, importante salientar que uma decisão federal não implica dizer que será aplicado em todos os cantões, caso um se negue, ele será plenamente respeitado, sendo apenas as leis da política exterior que necessitam de aprovação de todos os cantões.

Resumindo, notamos diversas diferenças políticas, culturais entre eles e a nossa cidade carioca, mas e a pergunta feita no título do nosso texto? Se o Rio de janeiro fosse a Suíça, em outras palavras, se nosso sistema político fosse mais eficiente e justo com a população (redução do índice de corrupção) o que leva uma nação com um espaço territorial menor que o nosso, produzir mais? Entendemos a diferença territorial, cultural e entre outras diversas coisas que nos diferenciam, mas ainda assim devemos nos questionar, uma cidade ou uma nação com um território que temos deveria produzir mais, e sim partilhar mais, a fórmula de sucesso é única e se passa no investimento do indivíduo e nisso pecamos desde o nosso nascimento, posterior a isso é necessário fazer a lição de casa e dar condições de sobrevivência dignas ao mesmo individuo (trabalho, saúde e locomoção). Está na hora as eleições novamente se aproximam e eu gostaria muito de ver a nossa sociedade buscando o novo, não podemos mais aceitar o sistema político que nos apresentam, opressor, corrupto, mentiroso e acima de tudo ineficiente. Vamos contestar, vamos à luta! Caso contrário seremos vítimas de nossas escolhas eternamente. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Rolezinho Paulista

Essas últimas semanas foram marcadas por mais um movimento originado pelas redes sociais e que novamente terminaram com correria e confusão. O rolezinho paulista desde então vem desencadeando uma série de reações dentro da sociedade, favorável ou não da causa.

- O movimento: O Rolezinho inicialmente tinha como objetivo protestar contra o fim dos bailes funks nas ruas, praças e espaço público da cidade de São Paulo, o que levou aos cantores de funk a criar o movimento. A medida obviamente polêmica é também preconceituosa, querendo ou não o funk é tão música como qualquer outra, a alegação de que ele gera brigas entre outras coisas também não pode ser levada como justificativa, puna-se quem descumpre a lei individualmente e não o grupo todo.



Passado o movimento que fora vetado inclusive pelo Prefeito Fernando Haddad, jovens seguiram com o movimento, mas o intuito dessa vez era diferente do original, que envolvia ações de qualquer outro jovem, como paquerar e etc. A grande questão a ser questionada sobre o tema, é ver como a sociedade reagiu a isso, em especial como a classe média de alto padrão frequentadores do shopping, reagiram a presença de uma classe menos favorecida dividindo o mesmo ambiente que os deles, e foi justamente essa reação de medo e em muitos casos preconceito que gerou toda a confusão que acompanhamos nos jornais e quem tem gerado comentários e comportamentos perigosos a sociedade.


- A Reação: Incomodados com a presença dos jovens dentro das lojas e do shopping, lojistas acusaram (em alguns casos sem prova) de terem acontecido furtos em suas lojas, isso motivou a presença da polícia e em alguns casos até uma ação na justiça proibindo a entrada dos jovens ao shopping. Isso ao meu ver é uma medida extremamente grave, o shopping como muitos alegam é um espaço privado, porém de acesso ao público, ele é diferente da sua casa por exemplo, proibir a entrada de um grupo social diferente do costume da região, é preconceito, é crime e é capaz de gerar muito ódio e problemas sociais seríssimos na sociedade. Compreendo bem o lojista que tem sua mercadoria e sua loja como meio de sustento e é necessário defende-la, mas de todo o modo, todos são segurados e não existe a necessidade de criar grupos seletos. Ouvi dizer em Apartheid que considero um exagero, pois entendo que a segregação nesse caso não está sendo racial, mas sim numa classe como um todo, a separação não ocorre só pela cor e sim pela sua condição (Pobre) e a ação reacionária da classe média é muito mas muito perigosa e já foi de causar muitos problemas e graves em todo mundo, a história nos conta e a mesma história que deveria servir de exemplo para quem em 2014 esse tipo de situação ainda não fosse corriqueiro. 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O PT foi o melhor governo que podemos ter

O primeiro post de 2014 começa com essa singela frase como título, frase essa ao qual tenho rotineiramente escutado dos defensores do governo Dilma e claro dos inúmeros seguidores do Partido dos Trabalhadores no Brasil. Mas diante de tantas notícias e previsões ruins de fato essa afirmação por parte deles é verídica?

O governo Lula em especial marcou o início da luta intensa contra a miséria no Brasil, desde então de 2003 até hoje milhares de brasileiros foram beneficiados por programas sócias criados ou reformulados pelo governo Lula, destacando-se o Bolsa Família. De fato podemos afirmar que fora um programa de suma importância e de muito sucesso, onde o mesmo alavanca milhares de votos ao PT que politicamente trabalhou muito para vincular a existência do programa ao partido (dando a entender que a troca de partido seria o fim)
Lista dos principais programas sociais do PT:

- Bolsa Família;
- Minha casa, Minha vida;
- Mais Médicos.

Jamais questionarei a legitimidade de um programa social, eles são de suma importância para correção da desigualdade no Brasil que vem de longa data, além do mais, qualquer pais decente que se prese, utiliza-se de programas sociais buscando sempre a diminuição da desigualdade e geração de oportunidades a todos. O ponto a ser questionado é onde fica a contrapartida para os tantos programas existentes e que podem estar por vir? Questionamento esse que falta ao meu ver para muitos brasileiros, ao mesmo tempo que avançamos no aspecto social, estagnamos no aspecto produtivo.


A educação, a saúde e a segurança são temas batidos e corriqueiros em qualquer debate político, onde em tempos de eleições são usados diversos números (que não dizem nada) para defender governo X, Y ou Z. De fato caro leitor nós não conhecemos um plano educacional a décadas, o mesmo é bom lembrar vem sendo deteriorado desde o governo militar, e entra governo e sai governo escutamos sempre as mesmas coisas, investimos x na educação, criamos y escolas e o resultado na prática se não é o mesmo é cada vez pior. Nossa economia passou um boom puxado pelo preço das commodities (fruto do efeito China) e fruto da expansão do crédito, aliado ao crescimento do classe C (beneficiada pelos programas sociais), nossa taxa de desemprego também veio ladeira abaixo e permitiu que a política de consumo do governo obtivesse sucesso. Essa sensação de bem estar (falsa) acaba sendo influenciada na nossas escolhas na hora do voto. É contudo importante notar que vivemos a 4 anos em clima de alta inflação (acima do centro da meta 4,5%) e com taxas de crescimento do PIB a taxas ridículas (não vale usar 2010, quando crescemos 7,5% de nada que no caso seria 2009).


Caros isso é fruto do não investimento nos últimos 7 anos em infraestrutura (de péssima qualidade) e fruto de uma educação de péssima qualidade que nos ronda a mais de 20 anos, nosso custo de produção é elevadíssimo, a produtividade do brasileiro é baixíssima (fruto da baixa escolaridade), fruto de um Estado paternalista e extremamente inchado, essas questões são tão importantes quanto aos programas sociais, são elas que darão sustentação (renda) para permitir que os programas sócias cresçam e tragam benefícios para mais brasileiros. Infelizmente o governo atual e o governo passado pecaram muito, vimos no final de 2013 uma luz no fim do túnel com as concessões públicos – privados para reparar parte do nosso atraso em infraestrutura, é necessário agora se olhar para a educação, 20% do PIB não basta, precisamos ser ousados, precisamos de reforma de verdade na educação, que passa por uma boa infraestrutura para os alunos, bons salários para os professores e principalmente da recuperação da família, sem essa última estaremos condenados ao pragmatismo que nos cerca a décadas, e seremos motivo de piada por muitos anos.

Por fim desejo mais ética e moral para toda a sociedade em geral, desejo um ano de sucessos para todos e que possamos ser felizes no início da campanha eleitoral que nos aguarda.

Até a próxima!